ABRAÇO
Entrelaçar os braços,
misturar com as tuas
as minhas linhas da mão,
ouvir a música ardente
dos teus anseios,
encostar nossas almas,
nossos olhos, costurar
nossas esperanças,
com o mesmo fio
dividir os sonhos.
In/
http://blogdaroseana.blogspot.com.br/
Marciane Joana Pasquali
terça-feira, 12 de junho de 2012
segunda-feira, 11 de junho de 2012
(...)
Namorar é além do beijo e da sintaxe,
não depende de estado ou condição.
Ser duplicado, ser complexo,
que em si mesmo se mira e se desdobra,
o namorado, a namorada
não são aquelas mesmas criaturas
que cruzamos na rua.
São outras, são estrelas remotíssimas,
fora de qualquer sistema ou situação.
A limitação terrestre, que os persegue,
tenta cobrar (inveja)
o terrível imposto de passagem:
"Depressa! Corre! Vai acabar! Vai fenecer!
Vai corromper-se tudo em flor esmigalhada
na sola dos sapatos..."
Ou senão:
"Desiste! Foge! Esquece!"
E os fracos esquecem. Os tímidos desistem.
Fogem os covardes.
Que importa? A cada hora nascem
outros namorados para a novidade
da antiga experiência.
E inauguram cada manhã
(namoramor)
o velho, velho mundo renovado.
Carlos Drummond de Andrade
Fonte: http://pensador.uol.com.br/frase/MzI0Njgx/
Escrever o futuro
no presente
nem sempre sorridente
de uma segunda metade surpreendente
metade sonolenta
com um pouco de sal
outro tanto de pimenta
com sabor de suco de lima
enxergar a cidade lá de cima
tão bonito
tão bonito...
dia onze, mês junho
caderno, lápis, caneta em punho
um mês bonito
um pouco friozito...
o lado bom
é a roda de chimarrão
o doce com amendoim
e VOCÊ perto de mim!
no presente
nem sempre sorridente
de uma segunda metade surpreendente
metade sonolenta
com um pouco de sal
outro tanto de pimenta
com sabor de suco de lima
enxergar a cidade lá de cima
tão bonito
tão bonito...
dia onze, mês junho
caderno, lápis, caneta em punho
um mês bonito
um pouco friozito...
o lado bom
é a roda de chimarrão
o doce com amendoim
e VOCÊ perto de mim!
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Considerações sobre a amizade no livro que estou lendo
Aline é uma menina órfã de mãe. O pai, dono de uma grande fazenda de café, faz de tudo para que a filha não sofra com a ausência da mãe. Inclusive aceita comprar para a filha, de presente de aniversário, uma escrava: Tonha.
Tonha e Aline, socialmente tão diferentes, até parecem irmãs. E essa amizade tem algo de sublime, assim como a própria Aline diz. Mas um pai escravocrata não vê com bons olhos essa amizade...
Então começa a complicação que se desenvolve no restante do livro...
Tonha e Aline, socialmente tão diferentes, até parecem irmãs. E essa amizade tem algo de sublime, assim como a própria Aline diz. Mas um pai escravocrata não vê com bons olhos essa amizade...
Então começa a complicação que se desenvolve no restante do livro...
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Tempo, tempo, tempo...
quinta-feira, 29 de março de 2012
As crônicas de Martha Medeiros
A TRISTEZA PERMITIDA (Marta Medeiros) Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como? Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra. Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra. A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas. “Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia. Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.Martha Medeiros
Fonte: http://pensador.uol.com.br/cronicas_de_marta_medeiros/
Fonte: http://pensador.uol.com.br/cronicas_de_marta_medeiros/
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